terça-feira, 17 de junho de 2014

O retorno dos changelings, a parte q vc ainda não leu. Eu vou excluir isso.


Somos incompreendidos. Nem maus nem bons, somos apenas o que somos, e não podemos mudar nossa natureza.
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Nossa amiga está desaparecida há três dias. Esse é o caso mais difícil que presenciei e, aparentemente, o mais chocante, já que Rarity bateu o seu recorde de desmaios.


— Cup-cupcakes? – Estremeceu Fluttershy.
— Ah, sim, cupcakes. Mas não são cupcakes comuns, não.
Pinkie Pie estava irreconhecível. Não era ela, e Fluttershy podia sentir. Aquela pônei era fria e calculista, provavelmente seu nome nem era Pinkie.
— Há algum tempo, descobri que para os pôneis... Quero dizer, para os pôneis comuns... A vida é uma festa. Mas eu, uma mera desafortunada, não posso usufruir dessa festa. Pois bem. Se eu não posso fazer da minha vida uma festa, vou fazer da vida dos outros uma festa para mim. Entende? – Uma pequena pausa. – É claro que não. Acho que vou ter que mostrar um exemplo.
Ela abriu um armário no canto e tirou uma bandeja com cupcakes.
Fluttershy gritou. Gritou como nunca pensara ser capaz de gritar.
Os cupcakes estavam encharcados de sangue. Era a coisa mais horrível que ela já tinha visto, seus olhos tentavam desesperadamente desviar-se daquilo, mas tinha que se esforçar para ver quais foram as vítimas. Uma poça se formava na bandeja. E o pior ainda não era isso, era a ‘cobertura’. Era decorada com desenhos muito conhecidos: a marca de alguns pôneis da vila, que Fluttershy duvidava serem feitos com biscuit de confeitaria. Screwball, Aloe, Jet Set e muitas outras marcas de pôneis que ela não conhecia, junto com suas asas e chifres.
Os olhos de Fluttershy se encheram de lágrimas. Não, não podia ser possível. Simplesmente não podia. Como alguém poderia fazer aquilo?
— Vê? Você não está feliz de poder ajudar na minha festa?
O pior de tudo era que Pinkie estava sorrindo. Um sorriso maníaco e desprovido de emoção. Fez as lágrimas de Fluttershy caírem de vez.
— Como você pôde?
Teria dito mais, muito mais, se os soluços lhe permitissem.
— Eu faço o que posso. Antes de fazer o Grande Golpe, por que não me divertir um pouco, pra variar?
— Vo-você não pode tirar a felicidade dos outros para fazer a sua!
— Ai, eu não posso isso, não posso aquilo. Dane-se! Isso é o que mais odeio em pôneis comuns. Não estou nem aí pra suas regrinhas idiotas! Eu faço o que quero e ponto final!
Fluttershy fechou os olhos e ficou chorando baixinho.
BAAAAM!
Pareceu o barulho de algo caindo, que deu esperança à pônei apavorada.
— Argh! – rosnou aquele animal – Esses idiotas! Vou lá em cima, mas não ouse fazer nada, Fluttershy. Se não quiser comer cupcakes.
Subiu as escadas e saiu batendo a porta.
Fluttershy olhou para os lados.
— Angel. Psiu. Angel.
Sem resposta.
Começou a ouvir gritos vindos de fora do porão. Não tinha muito tempo.
— Angel, se estiver me ouvindo... Desligue a energia enquanto ela não estiver olhando, OK?
Uma orelha branca começou a despontar da caixa.
— E não se meta comigo de novo! Depois não vai ter volta!
Era a outra voltando. Quando abriu a porta, a orelha desapareceu na caixa.
Quando fechou a porta e apertou o interruptor, já não era possível ver mais nada. Nem sequer um vulto.
Fluttershy estava suando frio. A única coisa que pensava era: “Vai Angel, vai Angel, vai Angel...”.
Uma das lâmpadas acendeu-se em cima dela e aquela psicopata materializou-se em sua frente.
— Haha, não tentou nada? Boa garota! Sabe, talvez eu até te dê alguns dos meus doces especiais depois que te transformar em um!
“Angel, Angel... Por favor, Angel...”
A outra pegou uma serra elétrica da bancada de ferramentas que até então Fluttershy não sabia que existia, pois estava atrás dela.
“Pelo amor de Celéstia, Angel, desliga isso... por favor...”
Então ela ligou-a, fazendo um zumbido ensurdecedor.
— Diga adeus às suas asas, minha doce e querida Fluttershy.
Não. Ela não era capaz de fazer isso. Fluttershy sabia que não era Pinkie Pie, mas quem poderia em sua sanidade fazer uma coisa dessas sem motivo algum e se livrar da culpa? Então olhou para os olhos dela. Não havia um pingo de arrependimento ou culpa neles. Era uma pônei insana.
Então tudo ficou escuro.

Rainbow Dash acordou mal, comeu mal e dormiu mal. Graças àquela maldita rouquidão. Sua garganta arranhava e mal dava pra falar.
Sabe o que era o pior de tudo? Applejack estava bem!
— Óia só pr’ocê! Mar consegue falá cumigo! Eu falei pr’ocê qui num dava pra continuá gritando, mais ocê num quis mi orvi...
— Você prefere não sair daqui?
— Num é gritando qui nóis vamo saí! Acha qui tem arguém qui nos ajudaria aqui? Num tem!
— Poderia ter, era questão de tentar... Cof, cof! Gasp!
— Alá. Nem falá ocê consegui.
— Cof, cof! Caham... Eu consigo falar sim! Cof, cof, cof, cof!
— Eita! Sai pra lá qui eu num quero pegá esse resfriado tamém!
— Mas... – Se conseguisse falar, ela diria que não era resfriado. Só estava terrivelmente rouca.
Nem para ganhar as discussões dava.
Em vez de tentar argumentar de novo (inutilmente) com Applejack, ela foi sentar, emburrada, na sua cama de feno. Não importava que a cama estivesse comida e que fosse mais confortável sentar no chão.
— Ei! – se esforçou para falar – E se a gente tentar código Morse?
— Rainbow! Si gritá num diantô, pru que Morse daria certo?
— Código Morse tem várias vantagens! Cof, cof... Caham... Tipo, que se você tentar código Morse, não chama tanta atenção e eles não soltam gás sonífero aqui para nos calar.
— Ocê já feiz isso i eles num sortaro gás sonífero. – disse a outra, com cara de tédio.
A pégaso voltou ao seu estado emburrado. Soltou um suspiro.
De repente, sentiu uma pontada de dor de cabeça. Essa não. Um mal pressentimento invadiu sua mente. Seus olhos brilharam com o arco-íris da amizade.
Isso sempre acontecia quando uma de suas amigas estava com a vida em risco. Só faltava saber qual.
— Applejack... Você também está com dor de cabeça?
— Não – a outra pareceu confusa – Por quê?
— Por nada.
Ou talvez fosse apenas uma dor de cabeça, afinal.

Quando toda a luz se extinguira, Fluttershy pensara que estava morta. Infelizmente, a tortura se estendia.
— Aaaaaahhhhhh!!! – Um grito de fúria veio da pônei rosa – Quando eu pôr as patas em você, Fluttershy... Vai se arrepender de ter nascido!
À medida que seus olhos se acostumavam com a penumbra, ela percebeu que a serra elétrica fora solta a centímetros da sua cabeça. Estivera muito perto da morte.
Olhando para os outros lados, conseguiu ver de relance Angel perto do disjuntor. Seus olhos lacrimejaram. Angel, o coelho rebelde, tinha a salvo.
— Obrigada, Angel... – agradeceu baixinho.
A outra pônei tentava inutilmente alcançar o interruptor.
— Parabéns! – bradou – Você acabou de piorar o castigo! Você vai ver só quando eu ligar essa...
Angel passou à uma distância cuidadosa da pônei maluca e chegou na bancada. Lá, ele pegou uma chave e aproximou-se de Fluttershy.
— Meu bebê! – Fluttershy chorava
Angel pareceu se irritar. Não havia tempo para sentimentalismo, ele precisava salvá-la.
Começou a tirar as algemas da primeira pata, depois da segunda, e antes que Fluttershy percebesse já estava livre.
A pégaso desceu da maca e deu um abraço apertado em Angel. Ela não podia dizer nada, por motivos de segurança, mas estava profundamente agradecida. Só o soltou quando percebeu que o abraço estava apertado demais.
— Fluttershy! Sua maldita potra filha de um jegue! O que diabos você fez com a lâmpada?
Ela quase tinha esquecido de que ainda estava presa em um porão com uma assassina. Tudo o que queria era sair dali na mesma hora, correr o mais depressa possível para sua casa e esquecer tudo aquilo; mas sabia que caso não desse um fim naquele monstro (ou ao menos deixá-lo fora de ação) ele ia arranjar mais vítimas. Mais pôneis inocentes.
Tremendo, ela pegou a maior chave inglesa da bancada. Levantou-se com dificuldade e foi se aproximando devagar pelas costas da outra.
Olhou para aquela crina de algodão doce. Mesmo sabendo que não era Pinkie, que era uma pônei horrível que tentara matá-la, era difícil machucar a melhor amiga. Mas não podia deixar os sentimentos a vencerem.
Mirou a chave inglesa bem no meio da cabeça dela.
Fechou os olhos.
Usou a maior força que tinha para bater furiosamente.
Ouviu-se um estalo. Só então ela abriu os olhos.
Ela tinha atingido o ombro direito da pônei, que estava no chão segurando o ombro machucado e lançando um olhar assassino para ela.
O mais importante: a chave inglesa havia se partido ao meio com o golpe e estava no chão. Que espécie de pônei é mais resistente do que ferro?
Desconcertada, Fluttershy deu alguns passos para trás e caiu no chão. A outra levantou-se e avançou em sua direção. A pégaso se arrastou para trás até dar de encontro com a parede.
— Agora, meu bem... – o sorriso maníaco resolveu voltar ao rosto da pônei. – Você vai conhecer o meu pior.
Fluttershy encolheu-se ainda mais.
— Cadê o coelho? Não vou ter piedade desta vez.
Ela olhou para os lados até encontrar o coelho nos braços de Fluttershy.
— Ah, está aí? Dê-me o coelho e talvez eu decida poupar a sua estúpida vida.
Fluttershy fez não com a cabeça.
— O que você disse? – O rosto encheu-se de cólera.
Repetiu o gesto.
— Ah, o amor! O estúpido amor! Sempre impede os pôneis de pensar logicamente. E é por isso que eu não tenho nenhum. Esta é a sua última chance de escolher a coisa certa. Use-a bem.
A pégaso parou de olhar para a outra, abraçou Angel e começou a chorar baixinho.
— Não? Então, minha querida Fluttershy, não pense que vou ter pena de você. Não sou como pôneis comuns.
Aquele monstro estava prestes a avançar, quando se ouviu o som de ossos quebrando.
A assassina berrou de dor.
Pinkie Pie apareceu por trás dela. E dessa vez era a Pinkie Pie de verdade.
— Pinkie? – Depois de tudo isso, a visão da amiga parecia um sonho, a mesma parecia um anjo.
Pinkie tinha jogado uma pequena bigorna em uma das pernas da outra.
— Pinkie! – gritou a assassina – Como ousa machucar a você mesma?
— Simples, eu não sou você! – respondeu alegremente.
— Você vai ver!
A Pinkie falsa avançou, mancando na direção da outra, que deu alguns passou para trás. Enquanto isso, Fluttershy se arrastava para outro canto da sala, procurando pelas ferramentas.
— Aaaahhhh!!! – foi o grito de Pinkie quando foi capturada por uma rede estrategicamente colocada no chão.
— Sim, sim. Tudo conforme o planejado. – A outra riu.
Em seguida focou seu outro alvo, Fluttershy.
— Ahhh, coitadinha da Flutter... tããão inocente... – disse em tom sarcástico.
Fluttershy desesperou-se de novo. Olhou para debaixo da mesa, onde a serra elétrica havia sido deixada.
— Você está mais do que morta!
Ela se aproximava cada vez mais. Fluttershy esperou bastante para estar a uma pequena distância.
Ela fitou o rosto da Pinkie falsa e percebeu que ela não tinha mais o rosto de sua amiga. Era uma coisa negra com olhos de inseto azuis.
Abafou um grito. O mostro riu.
Quando a outra ia atacar, num movimento rápido, Fluttershy pegou a serra elétrica e a ligou. Acertou em cheio o rosto demoníaco.
Sangue voou para todo lado. Apesar de tudo isso fosse muito nojento, Fluttershy não parou. Aquilo tinha quebrado uma chave inglesa com o ombro e uma perna quebrada não a parava. Sabe-se o que poderia parar?
O sangue continuava jorrando na crina de Fluttershy e em Angel, mas ela não se importou. Aquele pesadelo tinha que acabar.
Finalmente, ela deixou a serra de lado. O corpo caiu inerte à sua frente, mudou várias vezes de forma (a de Pinkie e depois de monstro) até assumir definitivamente a mais feia.
A rede se partiu, liberando Pinkie Pie.
— Fluttershy!
Fluttershy chorava, pensando em tudo que teve que suportar. E não encontrara a pobre galinha.
— Fluttershy – Pinkie aproximou-se – Agora está tudo bem. Vai ficar tudo bem.
Ela fez que sim com a cabeça em resposta.

Pinkie abraçou-a. Fluttershy chorou no ombro de Pinkie pelo que pareceram horas.

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